Apesar de pouco desmatado e de difícil acesso, o município do Jordão
está na lista de vulnerabilidade às mudanças climáticas. Com essa preocupação,
o Instituto de Mudanças Climáticas e Regulação de Serviços Ambientais (IMC)
organizou duas oficinas de informação para a população indígena e de produtores
rurais, ambos diretamente afetados pelas alterações entre secas e cheias
extremas. Mais de 80 participantes estiveram reunidos com a equipe do IMC, na
última semana, no Centro de Florestania de Jordão.
O resultado das oficinas de informação é a redução do risco social
associado às mudanças climáticas. Ao receber informações claras e confiáveis
sobre o assunto, a população pode fortalecer atitudes já em curso e planejar
novas mudanças de hábitos que se refletem em atitudes mais sustentáveis.
A vulnerabilidade do Jordão, mesmo contando com vasta cobertura
florestal e a falta de estradas que dificultam o desmatamento, está justamente
no acesso ao município. “A cidade fica praticamente isolada, pois os dois meios
de se chegar ao Jordão ficam impossíveis com as mudanças climáticas. Os aviões
não têm visibilidade para operar na pista e os rios não permitem a navegação
por causa do baixo nível”, explicou a técnica do IMC Marta Azevedo.
“Antes o rio secava, mas dava para navegar. O problema é que agora o rio
seca demais e aparecem muitas cachoeiras no meio do rio [pedras], que não
apareciam nos outros verões”, relatou Francisco Sereno Kaxinawá, liderança
indígena.
Além de aumentar as dificuldades de acesso, as mudanças climáticas
afetam também a produção rural. “Não posso mais nem plantar melancia na beira
do rio porque não sei mais se já é verão ou inverno”, reclamou o
agricultor Damião Manoel Costa. Há relatos também de redução da caça, do número
de quelônios, de seca dos rios e aparecimento de cachoeiras, e até o sabor dos
peixes muda, pois a sua cadeia alimentar também é afetada.
Os temas debatidos na oficina de formação não se restringiram apenas às
mudanças climáticas, mas também aos serviços ambientais e como a Lei do Sistema
de Incentivo a Serviços Ambientais se estabelece, e os direitos dos indígenas.
A missão do Instituto de Mudanças Climáticas e Regulação dos Serviços
Ambientais é implantar o Sistema de Incentivo a Serviços Ambientais no
Acre. Para que a implantação seja um processo democrático e participativo, o
IMC desenvolve estratégias de capacitação diferenciadas para cada público
específico, em especial os povos da floresta e produtores rurais.
Da Agencia Acre
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