Considerado um dos homens de linha de
frente na defesa do projeto da Frente Popular do Acre (FPA), coligação
comandada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), o deputado estadual Moisés Diniz
(PCdoB), que foi derrotado na disputa pelo cargo de deputado federal nas
eleições deste ano, deixou nas entrelinhas, que pode ter sido traído por
membros do grupo de partidos que administra o Acre há 16 anos.
“Vou fazer política agora direto com o
povo, porque os políticos foram desleais com a nossa história e as nossas
lutas”, diz o comunista que é tido como um dos homens mais cultos da política
acreana. Diniz faz ainda um desabafo para mostrar que Tarauacá, município que
ele adotou como terra natal é um dos principais responsáveis pela reeleição do
governador Sebastião Viana (PT).
“Em toda eleição, quando se abrem as
urnas, um resultado aqui e acolá passa despercebido, porque as atenções
continuam voltadas para a capital, aonde se concentra a metade dos eleitores.
Nessa eleição, um fato curioso chamou a atenção: o município de Tarauacá, junto
com Feijó e Jordão, foi quem garantiu a vitória de Sebastião Viana”, destaca o
presidente regional do PCdoB.
O comunista questiona a falta de
investimentos nos municípios que teriam garantido a quinta vitória consecutiva
do PT, em disputas estaduais, e alfineta a decisão de Sebastião Viana fazer
grandes investimentos nos municípios do Alto Acre, onde o PT perdeu todas as
prefeituras. Na maioria das cidades do Alto Acre, o candidato de oposição,
Márcio Bittar (PSDB) conquistou a maioria dos votos.
O descontentamento de Moisés Diniz
reflete o momento atual de seu partido. O PCdoB tinha dois deputados estaduais
e uma deputada federal, mas nas eleições deste ano, viu seus quadros serem
reduzidos praticamente a um deputado estadual, enquanto o PT, aliado mais
próximo, ganhou espaço na Aleac, elegendo cinco deputados estaduais, três
deputados federais e reelegeu o governador.
Moisés Diniz acredita que a supremacia
do PT na preferência dos eleitores de Tarauacá, pode estar ligada ao trabalho
desenvolvido por ele, “Chagas Batista, João Bosco, Antônio Victor e Edvaldo
Magalhães, que retornou para Cruzeiro do Sul no ano seguinte”. Moisés ficou na
terra do abacaxi por mais 30 anos, enquanto outros jovens aderiram ao seu
movimento político.
Liderando um movimento de organização
popular, que envolveu a criação das primeiras entidades indígenas e de mulheres
do interior do Acre. sindicatos e cooperativas, Moisés Diniz conquistou suas
principais vitórias na política. “Na época, greves foram deflagradas e
realizadas ocupações de prédios públicos e de terras improdutivas. Rádios
comunitárias foram erguidas”, lembra Diniz.
Diniz afirma que voltará a fazer
política buscando resgatar suas origens. Ele promete que encampará a defesa dos
trabalhos de base, deixando de lado a defesa de partidos políticos. “Uma forte
consciência social foi se formando nessas últimas três décadas. O PT aproveitou
esse terreno favorável para conquistar as melhores votações em Tarauacá”,
afirma o comunista.
Sem apontar responsáveis, Moisés Diniz
destaca que apesar de ter sido deixado no caminho pelos seus aliados petistas,
perdeu as eleições, mas, foi o candidato a deputado federal mais votado em
Tarauacá. Diniz afirma que vai percorrer o Acre reorganizando sindicatos e
movimentos civis, criando um comando único de luta sindical, popular e
comunitária, capaz de influir na agenda dos governantes e permitir que o povo
saia da passividade e volte a ter voz.
Ray Melo, Da editoria de política AC24horas - raymelo.ac@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário