O Instituto Federal do Acre (Ifac) está
oferecendo cursos de formação inicial e continuada pelo Programa Nacional de
Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) para 18 comunidades indígenas em
oito municípios do Acre, incluindo quatro considerados de difícil acesso (Jordão, Marechal Thaumaturgo, Santa
Rosa do Purus e Porto Walter).
Os cursos foram escolhidos pelas comunidades e os
professores contratados são a maioria indígena, tendo sido selecionados por
edital específico para atendê-los.
A iniciativa do Instituto Federal vem sendo
consolidada após projeto experimental realizado o ano passado na regional de
Tarauacá-Envira e aprimorado para outras regiões com o apoio da Fundação
Nacional do Índio (Funai) – parceira da realização dos cursos – e organizações
não-governamentais indígenas.
Em março, equipe de profissionais da Diretoria
Sistêmica de Programas Especiais da Reitoria do Ifac – gestora do Pronatec –
estará indo as comunidades para documentar a experiência, visando aprimorá-la e
difundi-la para a Rede Federal.
Uma prévia das ações que estão sendo realizadas no
Vale do Juruá foi registrada esta semana (terça, dia 16 de fevereiro) pelo
jornalista Flaviano Schneider e o repórter fotográfico Onofre Brito pela
Agência de Notícias do Acre, órgão do Sistema Público de Comunicação do Estado.
Confira:
Acre serve de laboratório para implantação do
Pronatec Indígena
Os povos indígenas Puyanawa e Katuquina receberam
na terça-feira, 16, a visita de um grupo de profissionais do Instituto Federal
do Acre (Ifac) de Cruzeiro do Sul, ligados à execução de cursos do Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
O motivo foi avaliar os resultados e preparar um
documentário sobre os cursos que ora vêm sendo realizados nas aldeias, na
modalidade de Pronatec Indígena, uma novidade dentro do programa, em que o Acre
está servindo de laboratório para expandir a experiência para outras unidades
da Federação.
Criado em 2011 pelo governo federal, o Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) já chegou a mais de
70 mil pessoas no Acre com cursos de formação profissional e tecnológica em várias
áreas, tendo como principais executores o Ifac e o Centro de Formação e
Tecnologias do Juruá (Ceflora), que é ligado ao Instituto Dom Moacyr.
A equipe de visitantes foi formada pelos seguintes:
Aline Silva, coordenadora adjunta do Pronatec/Ifac no Vale do Juruá; Blenda
Moura, coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi);
Lídia Gomes Magalhães, orientadora social; Donizete Maia Azevedo, supervisor do
curso; Éderson Silveira, professor; Maria José Ricardo, professora e Fabíola Pereira
da Paixão, apoio administrativo.
Artesanato e agricultura
Na Terra Indígena (TI) Puyanawa está sendo
realizado o curso de artesão de artigos indígenas e na TI Katuquina o curso de
agricultor agroflorestal, ambos com 200 horas de aula. O curso de artesão está
sendo frequentado por 17 índios puyanawas e três nawas enquanto o de
agricultura é frequentado por 20 jovens katuquinas, todos alunos do ensino
médio.
Para realizar os cursos entre os indígenas, foi
fundamental a parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai). O coordenador
regional da Funai, Luís Nukini, que acompanhou a visita aos puyanawas,
considera os cursos do Pronatec uma contribuição ao fortalecimento da cultura e
da organização interna dos povos indígenas. Ele explica que o processo se
iniciou primeiro por uma demanda das próprias comunidades indígenas. Há dois
anos houve o fortalecimento da Funai na região e a busca de parcerias com
instituições que pudessem atender a essas demandas e finalmente concretizou-se
a parceria com o Ifac/Pronatec. “O curso está possibilitando aos puyanawas
refletir sobre sua história e recordar como foi o artesanato de seus
antepassados” atestou.
O índio Davi Puyanawa tem sido um ícone no que toca
ao resgate do artesanato tradicional de seu povo. Ele é formado em Artes na
Universidade Federal do Acre (Ufac) e para o seu trabalho de conclusão do curso
(TCC) pesquisou e descobriu 35 tipos de artesanato tradicionais e quase
totalmente esquecidos na atualidade.
Ele e mais um colega índio foram contratados pelo
Ifac para ministrarem o curso. Os artesãos em formação estão aprendendo a tecer
com o cipó titica e fazer peças utilizando palha de buriti e fibra de tucum.
Dentre os objetos estão cestos, jamaxi, caçoá, balaios e outros apetrechos.
Para o cacique Joel Puyanawa, o curso chegou na
hora certa: “Nosso povo está vivenciando um novo momento da revitalização da
cultura e da tradição e vemos com alegria que as pessoas da comunidade queiram
participar desse resgate”.
Joel conta que a agricultura, especialmente a
produção de farinha, é a principal atividade econômica das duas aldeias (Barão
e Ipiranga), mas com o desenvolvimento do artesanato poderá sair daí um
importante complemento de renda.
Para o curso de agricultor agroflorestal na TI
Katukina também foram contatados dois monitores indígenas, além de dois
professores do Ifac. O curso de agricultor agroflorestal, além de fornecer
conhecimentos gerais sobre os sistemas agroflorestais, procura resgatar e
aprimorar as técnicas tradicionais de plantio e manejo da terra.
O líder da Aldeia Samaúma, umas das seis existentes
na TI Katukina, Poá Katuquina, mostrou-se agradecido aos órgãos que propiciaram
o curso. Ele, que é agente agroflorestal, considera que depois do curso os
jovens vão contribuir muito no trabalho com as comunidades locais: “Sempre digo
aos alunos: aproveitem esta oportunidade vocês são jovens e tem muito a
aprender pela frente”
Ascom Ifac
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