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A aprovação se deu com 323 votos favoráveis, 155 contrários e 2 abstenções (Foto: Reprodução/ Google). |
Após polêmica sobre a
validade da votação e com as galerias do plenário vazias, a Câmara dos
Deputados aprovou na madrugada desta quinta-feira (2) proposta de emenda à
Constituição (PEC) que reduz de 18 para 16 anos a maioridade penal para crimes
hediondos, homicídio doloso, e lesão corporal seguida de morte. O texto ainda
precisa ser votado em segundo turno antes de seguir para o Senado.
A aprovação se deu com
323 votos favoráveis, 155 contrários e 2 abstenções. Eram necessários ao menos
308 votos a favor para a matéria seguir tramitando. De acordo com o presidente
da Câmara,Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a votação em segundo turno
deverá ocorrer após o recesso parlamentar de julho, já que é preciso cumprir
prazo de cinco sessões antes da próxima votação.
Pelo texto, os jovens
de 16 e 17 anos terão que cumprir a pena em estabelecimento penal separado dos
menores de 16 e maiores de 18. Ao final da votação, deputados seguraram
cartazes na tribuna em defesa da proposta e comemoraram com gritos em plenário (veja vídeo
acima).
A aprovação da proposta
ocorre depois de a Casa derrubar, na madrugada de quarta-feira,
texto semelhante, que estabelecia a redução casos de crimes cometidos com
violência ou grave ameaça, crimes hediondos (como estupro), homicídio doloso,
lesão corporal grave ou lesão corporal seguida de morte, tráfico de drogas e
roubo qualificado.
Após a rejeição na
noite anterior, Cunha afirmou que a Casa ainda teria que votar o texto
principal, mas ressaltou que isso só ocorreria após o recesso parlamentar de
julho. No entanto, após reunião com parlamentares favoráveis à redução da
maioridade penal, ele decidiu retomar a análise do tema nesta quarta (1º) para
apreciar um texto parecido com a proposta rejeitada.
Jovens da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Nacional dos Estudantes Secundaristas (UNBES) não esperavam a retomada da votação e, por isso, não conseguiram fazer protestos como os mobilizados na noite anterior.
Cunha também não permitiu a entrada dos poucos estudantes que foram à Câmara para defender a derrubada da proposta, alegando que os manifestantes fizeram tumulto na noite anterior. A decisão do presidente da Câmara de votar um texto semelhante ao derrotado de madrugada também gerou bate-boca e questionamentos por parte de deputados contrários ao texto, mas o peemedebista conseguiu prosseguir com a votação.
Jovens da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Nacional dos Estudantes Secundaristas (UNBES) não esperavam a retomada da votação e, por isso, não conseguiram fazer protestos como os mobilizados na noite anterior.
Cunha também não permitiu a entrada dos poucos estudantes que foram à Câmara para defender a derrubada da proposta, alegando que os manifestantes fizeram tumulto na noite anterior. A decisão do presidente da Câmara de votar um texto semelhante ao derrotado de madrugada também gerou bate-boca e questionamentos por parte de deputados contrários ao texto, mas o peemedebista conseguiu prosseguir com a votação.
Durante a sessão,
deputados do PT, do PSOL e do PCdoB defenderam a derrubada da PEC. O governo
defende alterar o Estatuto da Criança e do Adolescente e ampliar o tempo máximo
de internação de 3 para 8 anos.
“Todos nós queremos
resolver a questão da violência, da criminalidade, queremos evitar que crimes
bárbaros terminem. Mas precisamos, de forma madura e responsável, encontrar
qual a alternativa real para resolver o problema. E a alternativa real é
alterarmos o Estatuto da Criança e do Adolescente. Os efeitos colaterais dessa
redução da maioridade penal são maiores que os alegados benefícios”, disse o
deputado Henrique Fontana (PT-RS).
O líder do governo,
deputado José Guimarães (PT-CE), também discursou contra a proposta. “Não
queremos jovem infrator na rua, mas queremos lugares decentes para que eles
sejam punidos. Mas não dá para misturar os jovens com bandidos de alta
periculosidade. O que está em jogo é o futuro dessas gerações. É um retrocesso
se aprovarmos essas emendas”, afirmou.
Já parlamentares
favoráveis à redução da maioridade penal argumentaram que a PEC não soluciona o
problema da violência, mas reduz o sentimento de “impunidade”. "Nós
sabemos que a redução da maioridade penal não é a solução, mas ela vai pelo
menos impor limites. Não podemos permitir que pessoas de bem, que pagam
impostos, sejam vítimas desses marginais disfarçados de menores",
discursou o líder do PSC, André Moura (SE).
O líder do PMDB,
Leonardo Picciani (RJ), um dos articuladores da votação nesta quarta, também
defendeu a redução da maioridade penal. "O PMDB afrma a sua posição de
maioria pela redução da maioridade penal, nos crimes especificados. Achamos que
a proposta é equilibrada, ela é restrita", disse. “A sociedade não aceita
mais a impunidade e não deseja mais sentir o medo, o pavor e o receio que vem
sentido no dia a dia.”
Emenda apresentada na
quarta
A proposta derrubada
nesta quarta é produto de uma emenda aglutinativa – texto produzido a partir de
trechos de propostas de emenda à Constituição apensadas ao texto que está na
pauta do plenário.
Essa emenda foi elaborada
pela manhã por deputados do PSDB, PHS, PSD e PSC, e protocolada
na Secretaria-Geral da Mesa. No plenário, deputados do PT, do PDT e do PCdoB
alegaram que a elaboração de uma proposta com teor muito semelhante ao texto
derrubado contraria o regimento. Argumentaram ainda que, para ser votada, a
emenda teria que ter sido elaborada e apensada antes da votação ocorrida durante
a madrugada.
Cunha
rebateu os argumentos citando o artigo 191, inciso V, do regimento interno da
Câmara. Conforme esse trecho, na hipótese de rejeição do substitutivo (texto
apresentado pelo relator da proposta, como é o caso), “a proposição inicial será
votada por último, depois das emendas que lhe tenham sido apresentadas”.
Segundo
o peemedebista, como o texto original ainda não havia sido votado, é permitida
a apresentação de novas emendas aglutinativas com base nas propostas apensadas
a essa redação.
Os parlamentares
continuaram a protestar e Cunha chegou a bater boca com eles. “Quando o senhor
é chamado de autoritário, o senhor se chateia”, protestou o deputado Glauber
Braga (PSB-RJ). Cunha rebateu: “Ninguém vai vencer aqui no berro”.
“Não imagine que o
senhor vai nos escravizar, porque não vai. Não imagine que todos os
parlamentares vão abaixar a cabeça”, emendou Braga. O deputado Weverton Rocha
(PDT-MA) acusou Cunha de “aplicar um golpe”. A deputada Erika Kokay (PT-DF)
chamou o presidente da Câmara de Luiz XIV, em referência ao rei francês
absolutista, e disse que ele tentava sobrepor a sua vontade a dos
parlamentares.
José Guimarães (PT-CE),
fez um apelo para que a votação fosse suspensa e a Câmara discutisse como
alternativa um projeto de lei que tramita no Senado ampliando de 3 para 10 anos
o período máximo de internação de jovens infratores.
Segundo ele, “uma
discussão tão importante como essa” não poderia ser tratada “com tamanho
radicalismo”. Guimarães argumentou ainda que a aprovação da emenda poderia
trazer “sequelas”.
“Reverter [a posição]
de ontem para hoje é o melhor caminho? Claro que não, porque pode deixar
sequelas”, disse sobre o impacto da redução. No entanto, Cunha não cedeu e
continuou a sessão. Os parlamentares contrários à redução da maioridade
decidiram, então, obstruir a sessão, utilizando-se de manobras previstas no
regimento para postergar ao máximo a votação.
G1
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