A Universidade Federal do Acre (Ufac) reúne
estudantes de todas as regiões do Brasil por meio dos cursos de graduação que
oferece nos campus Rio Branco, na capital acreana e Floresta, em Cruzeiro do
Sul. Pessoas de vários estados brasileiros vêm ao Acre para realizar o sonho de
ingressar em um curso superior e conquistar o diploma.
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Maria Gabriela é acadêmica de medicina da Ufac (Foto: cedida) |
A jovem Maria Gabriela, 21 anos, é uma entre
muitos que deixaram o berço familiar e a cidade natal para dar continuidade aos
estudos. Ela veio de Juara, cidade que fica localizada no interior do estado de
Mato Grosso, para cursar medicina na Ufac. Morando no Acre desde 2013, Gabriela
pontuou dificuldades que encontrou para adaptar-se ao novo ambiente.
“A cultura daqui é diferente e eu fico um
pouco perdida com as ‘gírias’. No primeiro ano eu fiquei doente, tive
dificuldades em algumas matérias e tudo que eu queria era ir embora, voltar pra
casa. Mas, toda vez que eu penso que não vai dar certo, lembro que eu preciso
ajudar as pessoas que eu gosto e isso me dá forças para continuar”, disse.
Já o paraibano Everton Felipe do Vale Araújo,
de 20 anos, natural de João Pessoa, acadêmico do quinto período de medicina, trouxe
a temática financeira como a principal dificuldade aos estudantes que vêm de
outros estados.
“No meu caso, a principal dificuldade é
financeira. Recebo bolsa permanência do governo por meio de um programa do MEC,
mas, a quantia não é suficiente para custear minhas despesas pessoais e dos
estudos. Minha família precisa complementar”, destacou.
Republica:
Um sonho de muitos
Na capital do Acre o campus da UFAC não oferece
moradia estudantil. Buscando suprir essa necessidade, somente no ano de 2016 a
Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Proaes) ofereceu 80 bolsas de auxílio
moradia – um recurso mensal no valor de R$ 250 reais, para atender estudantes
que se encaixam no perfil, por meio de processo de seleção onde são analisados
fatores socioeconômicos.
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Antonio Pontes Júnior, Pró-Reitor do Proaes (Foto: reprodução/ Ufac.br) |
O professor Antonio Pontes Júnior, Pró-Reitor
do Proaes diz que há uma preocupação em melhorar os requisitos para adequar o
benefício àquelas pessoas que mais precisam. Ele reconhece que o valor do
auxílio não atende às necessidades de forma integral.
“Infelizmente nunca teremos uma quantidade de
bolsas suficiente para atender a todos. O valor surgiu numa discussão que tivemos
com os estudantes na época do lançamento do edital, em 2013. A conjuntura atual
não nos permite fazer uma atualização nos valores das bolsas, sob a pena de diminuirmos
o quantitativo, que já é insuficiente”.
A acadêmica do curso de historia Michele Lima
Andrade, 21 anos, natural da cidade de Tarauacá diz que ficar distante da
família é um grande desafio. Ela lembra as inúmeras dificuldades financeiras e
destaca a falta de apoio da universidade, alegando que a mesma deveria investir
mais em políticas publicas para a permanência dos alunos nos cursos.
“É preciso ter ‘sangue no olho’ para poder
sair da cidade pequena e vim morar na capital. É uma realidade totalmente
diferente. Demorei bastante tempo pra me adaptar”.
Quando perguntada sobre possível criação de
um projeto para construção republica na instituição, a estudante manifestou
opinião favorável à ideia. “Acho que seria de extrema importância uma república
na UFAC, pra melhor amparar os estudantes mais carentes e, principalmente,
aqueles que vêm do interior”.
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Maria Constância é acadêmica de Direito, na Ufac (Foto: Kezio Araújo) |
Para fazer economia alunos utilizam a
estratégia de formação de grupos para conviver em um mesmo local. Alugam uma
casa que funciona como um tipo de república estudantil, onde as despesas e atividades da casa são
divididas em partes iguais para todos os membros. Este é o caso de Maria
Constância Oliveira, 26 anos, acadêmica de Direito, natural do Jordão, interior
do Acre. Ela e outros sete estudantes residem no bairro Jardim Primavera, Rua
dos Cravos, em Rio Branco.
Por Janaína, Joelma de
Lima e Kezio Araújo
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