Perpétua lamenta e apela à Dilma para que evite novas mortes sem o reconhecimento salarial
Vicência Bezerra da Costa, a Tia
Vicência como era conhecida, nasceu no Ceará e veio para o Acre como Soldada da
Borracha.
Atraída pelas promessas do Serviço
Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia (Semta), chegou ao
Acre aos 14 anos de idade, junto com as levas de nordestinos que foram enviados
para os seringais amazônicos.
Como os outros 60 mil Soldados da
Borracha importados do nordeste, Vicência foi incumbida de coletar o látex para
abastecer a indústria de guerra dos Estados Unidos.
Mesmo atravessando todas as
dificuldades de viajar amontoada com os outros, tendo o navio acompanhado por
caça-minas e aviões de guerra, ter estado sob a mira de um submarino alemão e
depois em terras desconhecidas trabalhar árduamente, Vicência nunca perdeu o
bom humor.
Autora do Hino do Soldado da Borracha,
cantava-o orgulhosamente em todas as solenidades e até o último minuto de sua
vida acreditou no reconhecimento do trabalho que desempenhou.
A animação dela contagiava os que
duvidavam da equiparação salarial com o soldo dos subtenentes do exército.
Benefício que não conseguiu alcançar.
Dona Vicência morreu nas primeiras
horas desta quinta-feira (21), vítima de um acidente vascular cerebral (AVC).
Ela tinha 84 anos e deixa 4 filhos outros quarenta descendentes, entre netos e
bisnetos.
A morte chocou a deputada federal
Perpétua Almeida (PCdoB), autora e relatora do projeto que equipara a pensão
dos soldados da borracha ao soldo dos ex-combatentes de guerra, conhecidos como
pracinhas. Projeto que, ainda, aguarda para ser incluído na pauta de votação da
Câmara.
“É mais uma que morre sem ter seus
direitos de Soldado da Borracha reconhecidos. Impossível não chorar! Eu fico
com o coração sangrando, esperando quem será o próximo. E lembro que meu pai,
também Soldado da Borracha, esperançoso por ter seus direitos reconhecidos,
completou 90 anos. Faço mais um apelo a presidenta Dilma, para que faça
justiça! São tão poucos!Preciso que a Bancada do Acre me ajude nessa luta. Já
ta ficando muito tarde... Eles não aguentam mais esperar!”, desabafou.
(assessoria)
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