Amor Pela Advocacia
"Se um dia Deus tornar concreto a abstração deste pobre sonhador, e permitir que me deleite no mundo jurídico chegando por fim a exercer a arte da advocacia; e se esse mesmo Deus, tão singular e ao mesmo tempo tão plural, senhor de tudo que é bom, obsequiar-me à graça da longevidade, esta que é a fortuna dos homens bons de coração, eu quero, mesmo que minhas pernas não sustentem mais esse corpo cansado resultante de exaustivos trabalhos; mesmo que as mais simples expressões gestuais se tornem quase intransponíveis; mesmo que a leitura de um simples processo se torne uma tarefa intricada por ocasião de minha visão cansada, fruto de uma vida de leituras em demasia; mesmo que minha voz esteja pedindo descanso por ter sido tantas vezes a chave para a porta dos cárceres dos injustiçados; mesmo que minhas mãos tremam ao segurar uma simples folha de papel denunciando que aquela atividade está prestes a ser cessada pelo único ato que iguala todos os homens, a morte; ainda sim eu quero está advogando, pois um homem não morre quando o corpo é sepultado e o coração deixa de dedicar-se aquele que é o latejo da vida. Um homem morre quando deixa de fazer aquilo que lhe dar um sentido de vida plena".
Hugo Brito
Jordão-Ac, 19/05/2011
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