Hugo Brito |
O poder instiga mais poder, essa é uma verdade universal. Quantos são os que se afastam dos verdadeiros amigos por ocasião de um cargo que imputa superioridade diante de terceiros apenas para manter notoriedade. A sociedade desses “vitoriosos” é habitada pela hipocrisia que impede o acolhimento das pessoas sem importância. Define-se quem tem e quem não tem importância pelo dinheiro, pelo poder. Enganamo-nos muito quando achamos que nos bastamos a nós mesmos. É triste ver como a frivolidade tomou conta das relações.
A Constituição de 1988 descreve em seu parágrafo único do art. 1º a seguinte declaração: “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. A pergunta é: Será mesmo? Isso acontece na prática?
Temos leis maravilhosas e práticas medonhas. Essa é a cruel realidade. Não são poucas as vezes que, ao chegarmos a determinado setor, somos recebidos com olhos de indiferença, como se estivéssemos ali na condição de intrusos. Ora! O poder não é do povo? Quem coloca os secretários, prefeitos, governadores etc. em seus cargos não somos nós, a massa popular? Se somos nós que fazemos a diferença na urna, também não é nosso o direito de um tratamento mais digno como igualdade de direito?
Os indivíduos que costumam exercer determinados cargos por meio da política ficam embriagados de poder e esquecem que estes são transitórios. Que estão ali para atender as necessidades do povo e não as suas necessidades particulares. Estão ali até o dia em que a massa popular decidir o contrário. A população é o verdadeiro patrão, o verdadeiro dono do poder. Talvez por isso o investimento em uma educação eficaz é ínfimo, pois a população ganhando conhecimento saberá quais são os seus direitos, uma vez sabendo os seus direitos, irá reivindicá-los, e isso é a última coisa que um político corrupto quer, afinal, é em cima da ignorância das massas que políticos dessa índole ganham seus interesses.
Há pouco tempo, vi na TV, a seguinte inscrição feita na entrada de um cemitério: “Nós que aqui estamos por vós esperamos”. Esta frase deixa claro que não somos deuses ou semideuses. Somos mortais, do pó viemos para o pó iremos. A morte é um convite que não aceita recusa. Somos limitados e ninguém é melhor que ninguém, pelo menos aos olhos de Deus. Somos humanos e estamos diretamente ligados a finitude. Ninguém segura o tempo, e todo o dinheiro do mundo não acrescentam nenhum segundo a existência. Quando alguém se sente intocável por está em um cargo que designa poder e começa a utilizar desse poder para diminuir as outras pessoas, tem a sensação de ser onipotente quando na verdade não passa de um pobre ser humano ignorante as suas debilidades. De repente um câncer e... Parafraseando Drummond, e agora? O que fazer com todo o poder? Como levar o dinheiro ganho em vida? Será que pelo fato de ter mais dinheiro e poder, terei uma “morte mais social”? Se a vida for contingente, o meu corpo levará mais tempo em seu processo de putrefação? O meu corpo será menos fétido; infecto? Mas se a vida for transcendental, terei, por conseqüência de meu dinheiro, um lugar mais nobre a minha espera na vida eterna? Deus me tratará de uma maneira mais solícita em relação aos que em vida tinham menos dinheiro? Não estou querendo dizer que devemos ficar alheios à busca de uma vida mais confortável. O que quero explicitar nestas sucintas palavras é o respeito a todos os seres humanos, sejam eles abastados ou pobres. Que seja sempre causa de abominação qualquer presunção de superioridade, seja de uma classe social, de um gênero ou raça. Viva a diferença.
“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.” Mateus c. 6 v. 19-20
Por Hugo Brito
Jordão AC, 21,06,2011
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